14 novembro 2007

SEM NOME E FOME

ESTOU SEM FOME
DE LIXO, BUNDAS
VELAS E SANGUE

VORAZ, FAMINTO
SIGO VEREDAS
AO SOM DAS FOLHAS

ABRAÇO ESPINHOS
BEBO A VOZ
DA CAATINGA

SEM NOME, FOME
VOMITO BYTES
NA TECLA INFECTA

PINTADA NAS
RUAS E MENTES
SOLTAS, CADUCAS.

VORAZ SEM CINTO
RABISCO SOBRE
VELAS E BUNDAS
Lira Dutra

Acorda Granja e o 12 de outubro: teorizando sobre a origem do grito

As ruas da cidade da Granja, que já não têm o hábito da higiene, têm sido recipiente de muitos adesivos com a frase “Acorda Granja”. Também são poucas as residências que, no anonimato da madrugada, não sejam atacadas com a colagem dos famosos adesivos. Oficialmente não se atribui autoria. Parece atentado terrorista! Mas não o é. É apenas parte de algum plano furado de falsos samaritanos cuja finalidade é a posse da vaca leiteira chamada prefeitura. Embora tendo ido pro brejo, ainda tem muito leite a oferecer. E nesse leite não tem água oxigenada nem Soda cáustica! É muito nutritivo aos bolsos de inescrupulosos, politiqueiros e analfabetos políticos. Mas de qual garganta ecoou o primeiro grito “Acorda Granja” ?

Ouvi pela primeira vez o grito o grito “Acorda Granja” no dia 12 de outubro na II Romaria da Terra, evento realizado pelos movimentos sociais da Serra da Ibiapaba com a participação miúda da comunidade granjense. Em passeada, nas ruas centrais da cidade, os participantes gritavam fortemente: Acorda Granja, reforma agrária já! Assumindo a autoria do grito e seu propósito. Aquelas gargantas, vindas do clima serrano, tinham um objetivo claro e coletivo: denunciar os grandes latifúndios granjenses e suas seqüelas no quadro político, econômico e social do município. A II Romaria da Terra e seu grito “Acorda Granja, reforma agrária já!” estampado numa grande faixa, despertou a curiosidade de muitos e encorajou alguns a não mais silenciar antes negação de seus direitos. A exemplo da comunidade do Jaboti que solicitou ao INCRA a posse legal da terra.

Quanto ao simples “Acorda Granja” , sem dúvida, tem ganhado popularidade na versão camisetas. Embora a pessoa não vista a camisa! A cidade não precisa acordar, pois não está dormindo. E tão bom se estivesse. O buraco é mais embaixo doutor! Granja está cansada. Não por seus séculos de vida, mas pela sucessão oligárquica que valoriza o raquitismo cerebral e despreza a dignidade do povo. Não é unicamente no grito que o vaqueiro bota o gado no curral. É indispensável à criação de mecanismos onde o granjense possa pensar, falar, acessar e acreditar sem ser reprimido pelas barreiras invisíveis do coronelismo barato.

Lira Dutra, Granja, 14-11-2007
charges Lira Dutra

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